Maud Mannoni
Maud Mannoni aborda nesta obra – como o próprio nome indica – o relacionamento entre a criança portadora de necessidades educativas especiais (p.n.e.e.) e sua mãe. A autora procura desvelar este relacionamento considerando que o mesmo pode ser decisivo no desenvolvimento da criança e na maneira como a criança irá lidar e se posicionar diante da doença. Preciso é esclarecer que existem doenças ligadas unicamente a fatores orgânicos, assim como há aquelas provocadas pelo percurso familiar, entretanto em ambos os casos a criança enfrentará o modo como a mãe percebe e/ou se atrela à doença. Os olhos com que a mãe enxerga a debilidade irão orientar os olhos do filho, havendo aí uma comunhão inconsciente. A autora busca entender qual a significação e o sentido que uma criança p.n.e.e. tem para sua família (principalmente para a mãe). Mannoni ressalta que seu trabalho não vem dizer de um estudo geral, mas sim de casos em que os pais se viram frente a uma dificuldade no trato com um filho diagnosticado como irrecuperável. O nascimento de um filho doente trará incidências sobre a mãe. Primeiramente devemos destacar o plano narcísico, nas palavras da autora, “trata-se de um pânico diante de uma imagem de si que já não se pode nem reconhecer nem amar” (p.2). Podemos citar também a grande angústia com que a mãe se depara, sentindo-se só (os maridos geralmente delegam a responsabilidade da criação dos filhos para as esposas) e vigiada (tendo que demonstrar uma imagem suportável). Há ainda a questão da fantasia, pois será justamente através de suas próprias fantasias que a mãe responderá à demanda do filho. Outro ponto relevante é como o filho irá influenciar a mãe no tipo de vínculo que irão travar. O fato de crianças doentes “mais capacitadas” que têm êxito escolar e social menor que crianças doentes “menos capacitadas” vêm corroborar a hipótese da