matéria literária
Os dois italianos, Roberto, da cidade de Nápoles e Anibal da Sicília, me abraçam e me apertam a mão, enquanto olho pela milésima vez, mas com o mesmo espanto, para aquele lugar. Um pátio de 18 metros por 8, cercado de muros de, pelo menos, 4 metros de altura. Acima, uma grade nos cobre e nos passa uma estranha claustrofobia, mesmo que através dela se possa ver o céu. Além dele, podem-se ver os “praças”, guardas armados de rifles que circulam olhando todos de cima para baixo. Em frente a este pátio, veem-se as portas de madeira de oito celas, cinco delas onde vivem duas pessoas cada, duas que acomodam até oito homens, e uma individual, fechada por grade, para presos e especiais e de alta periculosidade.
Fazendo as contas, cabem exatos 38 presos no pavilhão A, que comporta mais de 50. É o lugar menos lotado de todo o presídio. O pavilhão Beta, por exemplo, tem capacidade para pouco mais de 70 pessoas, e lá estão 198 homens, até o momento. “Aqui é assim, sai dois e entra dez”, me comentou Seu Emídio, que cumpre seis anos por homicídio, em uma visita anterior.
Trago comigo as compras que, em minha última visita, haviam me pedido. Macarrão instantâneo, pão de forma, bolachas água e sal, outros alimentos não perecíveis e simples. Trago também cartas de suas famílias, minhas encomendas mais importantes. Gratos, me arranjam uma cadeira, me oferecem água, café, cigarro. Fico com os dois últimos.
Os dois vivem há dois anos na Casa de Custódia, penitenciária reservada para presos