Matrix 1999 – (the matrix) andy wachowski, n.1967, larry wachowski, n.1965
No verão vésperas de virada do milênio, quando as expectativas de Hollywood estavam concentradas em Guerra nas estrelas, episódio 1: A ameaça fantasma, a superprodução de ficção científica que realmente captou o estado de espírito de 1999 foi Matrix. Em uma cidade anônima, ligeiramente futurista (filmada em locações na Austrália), o assalariado Thomas Anderson (Keanu Reeves) vira a noite como o hacker Neo. Ele é procurado por uma linda mulher vestida em couro, boa no kung fu, Trinity (Carrie- Ann Moss), em nome de Morpheus (Laurence Fshburne), um misterioso rebelde. A dupla quer que ele se junte a rebelião contra a “Matriz”, uma organização que abriga agentes de terno e óculos escuros, sinistros e indestrutíveis, comandados pelo irascível Smith (Hugo Weaving).
Ao estilo de Philip K. Dick, o filme puxa o tapete da realidade a cada cena. Smith literalemente apaga a boca de Neo e o grampeia com um inseto. Neo desperta em outro nível de realidade, digno de pesadelos, onde a raça humana vive em tanques de gosma como fonte de energia para um computador gigantesco. Daí para a frente, os irmãos Wachowski (cujo único trabalho anterior havia sido o filme noir lésbico Ligadas pelo desejo, 1996) se alternam entre uma provocante ficção cientifica (“não existe colher”) e surpreendentes efeitos especiais e computadorizados. Reeves, em grande forma, fazendo ele mesmo a maior parte dos golpes com a ajuda de arames (supervisionado pelo coreógrafo de lutas Yuen Woo- Ping), usa bem seu ar de espanto. As continuações- Matrix Reloaded (2003) e Matrix Revolutions (2003)- ampliaram a perplexidade ao mesmo tempo que espalharam pretensões que sabotaram a reputação do original. Como tantas obras que captam o espírito de seu tempo, o filme continua a ter o poder de conquista admiradores.