Materias ceramicos
F. Jorge Lino
RESUMO
Propriedades tais como a facilidade de conformação, baixo custo e densidade, resistência à corrosão e a temperaturas elevadas, fizeram com que os materiais cerâmicos tradicionais conquistassem posições de relevo em diferentes sectores industriais e artísticos. Algumas destas propriedades, nomeadamente, a resistência à corrosão e a temperaturas elevadas, cedo fascinaram muitos industriais, no sentido de produzirem peças técnicas nestes materiais, os cerâmicos de Engenharia. Contudo, todos os esforços desenvolvidos depararam com o mesmo problema, a fragilidade destes materiais. Isto originou uma intensa agitação a nível mundial no sentido de descobrir formas de “enganar” as fissuras e, apesar de terem sido já alcançados valores notáveis de tenacidade, estes valores são ainda insuficientes para muitas aplicações técnicas. Neste texto referem-se aplicações de cerâmicos tradicionais e de Engenharia, em função das suas microestruturas e propriedades. Os ensaios para determinação da tenacidade de cerâmicos serão apresentados, e discutidas as formas de aumento da tenacidade em cerâmicos de engenharia transformáveis e não transformáveis. Finalmente, serão abordadas algumas das tendências actuais para o desenvolvimento de novos tipos de materiais cerâmicos com elevada tenacidade.
1.
INTRODUÇÃO
Os materiais cerâmicos são materiais inorgânicos, não metálicos, formados por elementos
metálicos e não metálicos, ligados quimicamente entre si fundamentalmente por ligações iónicas e/ou covalentes. Como exemplos destes materiais podem ser citados os carbonetos (carboneto de silício - SiC), os nitretos (nitreto de silício-Si3N4), óxidos (alumina-Al2O3), silicatos (silicato de zircónio-ZrSiO4), etc. [1-3].
Devido à existência de planos de deslizamento independentes, ligações iónicas e/ou covalentes e ordem a longa distância, os cerâmicos são materiais duros e frágeis com pouca