Materialismo
Nesse cenário, Luc Ferry defende um humanismo do homem-Deus (L’homme-Dieu), no qual a vida humana seria sagrada, mas seria um sagrado sem conotação religiosa. Para isso ele busca uma definição de Nietzsche sobre o sagrado: Como aquilo por que, se necessário, poderíamos sacrificar nossa vida (1999, p.17-8) e complementa dizendo que é sagrado o que se pode profanar. Assim, Luc Ferry posiciona-se como partidário de um idealismo crítico e de um humanismo não metafísico.
Ele entende por materialismo a posição que consiste postular que a vida do espírito é ao mesmo tempo produzida e determinada pela matéria e que não existem ideias ou valores absolutos, mas sim relativos a certos estados materiais. Ele conclui, portanto, que para o materialismo não há transcendência real da verdade das ideias ou dos valores morais e culturais. Além disso, ele considera que o materialismo possui dois traços característicos fundamentais: o reducionismo (a submissão do específico ao geral e a negação de qualquer autonomia absoluta dos fenômenos humanos) e o determinismo (as verdades e valores são impostos por mecanismos inconscientes). Ademais, o materialismo soma-se às ciências, como a neurobiologia, pois assim exclui mais seguramente a hipótese da liberdade individual, da transcendência ou da autonomia, uma vez que, a ciência não pretende ter desde já tudo explicado de fato, mas de direito, ela postula que tudo é explicável. Segundo seu olhar filosófico, Ferry analisa quatro objeções ao materialismo: “a moral”; a “contradição performativa”, o “círculo hermenêutico” e “a não falsicabilidade do materialismo”.
A moral: é incoerente se dizer materialista e encarar a