matemática e música
A Música dos Números Primos – Marcus du Sautoy
A Música dos Números Primos
Marcus du Sautoy
Em agosto de 1900, o professor David
Hilbert, da Universidade de Göttingen, postou-se aos cientistas que lotavam a sala de conferência do Congresso Internacional de Matemáticos, realizado em Sorbonne,
Paris. Hilbert já era considerado um dos maiores matemáticos da época e havia preparado uma palestra ousada: “Quem de nós não gostaria de levantar o véu que esconde o futuro, vislumbrando os próximos avanços de nossa ciência e os segredos de seu desenvolvimento nos séculos que virão?” Para anunciar o novo século, Hilbert desafiou a plateia com uma lista de 23 problemas que, segundo ele, ditariam o rumo dos exploradores matemáticos do século XX.
De todos os desafios lançados por
Hilbert, o oitavo tinha algo de especial. Há um mito alemão sobre Frederico BarbaRuiva, um imperador muito querido que morreu durante a Terceira Cruzada.
Segundo a lenda, Barba-Ruiva ainda estaria vivo, adormecido em uma caverna nas montanhas Kyffhauser, e só despertaria quando a Alemanha precisasse dele. Contase que alguém perguntou a Hilbert: “E se, como Barba-Ruiva, você pudesse acordar após 500 anos, o que faria?” Hilbert respondeu: Eu lhe perguntaria: ‘ Alguém conseguiu provar a hipótese de Riemann?’’ .
Quando o final do século XX se aproximava, a maioria dos matemáticos havia se resignado à ideia de que pérola entre os demais problemas de Hilbert despertasse de seu sono de anos. Contudo, os matemáticos sabiam que a prova da hipótese de Riemann teria um significado muito maior para o futuro da matemática do que saber que a equação de
Fermat não tem soluções. Como Bombieri aprendera em seus tenros 15 anos, a
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hipótese de Riemann tenta compreender os objetos mais fundamentais da matemática os números primos.
Esses números são os próprios átomos da aritmética. São os números indivisíveis que não