Mas não se matam cavalos?

Resenha do filme “Mas não se matam cavalos?” (1969), de Sydney Pollack

A narrativa se inicia com o narrador e protagonista em um momento marcante de sua infância, no qual presencia o cavalo favorito da família sofrer um acidente e quebrar a pata e, em decorrência disto, ter sacrificado com um tiro de misericórdia. Tal início faz a alusão ao título que ajudará a entender o final do filme.
A história se passa em Hollywood, com personagens principais Robert Syverten e Gloria Beatty. Robert é trazido pelo sonho de se tornar grande diretor, enquanto Gloria deixara para trás sua cidade natal Dallas, fugindo de assédios sexuais por parte de seu tio, na fazendo do qual vivia. Em Dallas Gloria tentara suicídio, e por fim decidira rumar a Hollywood com a esperança de suceder na carreira cinematográfica. Entretanto, encontrou apenas rejeição às suas pretenções. O encontro e união do casal se dá de maneira inusitada, ambos não havendo conseguido um par para participar de uma maratona de dança, acabaram sendo induzidos pelo organizador do evento a participarem como um casal. São justamente tais maratonas, e a exposição e miséria humana que expunham, o foco do filme.
O evento se dá no Pier de Santa Monica, próximo a Los Angeles. Gloria convence Robert a participar de um concurso de maratona de dança, pois acreditava que era um modo de obter exposição aos olhos dos produtores e estrelas de cinema.Vale destacar que o livro no qual o filme se baseia foi escrito em 1935, período das complicações da década pós Crise de 29, no qual a necessidade levava muitos indivíduos a se inscreverem nesse tipo de evento. Foi nessa época o auge de tais maratonas. Um considerável número de pessoas afetadas pela crise e sofrendo com a instabilidade de suas vidas era atraído pela possibilidade de ganhos monetários ou de terem seus “quinze minutos de fama”.
De forma alheia à maioria das obras da época, a narrativa apresenta roteiro não linear, lançando mão do recurso de