Mary and Max
O mundo de Mary & Max
Thais Fonseca de Andrade1
“A vida de todos é como uma longa calçada. Algumas são bem pavimentadas, outras como a minha tem rachaduras, cascas de banana e guimbas de cigarro. A sua é como a minha, mas provavelmente com menos rachaduras. Espero que um dia nossas calçadas se encontrem”. (Trecho de uma carta de Max à Mary).
Quando assisti “Mary & Max, uma amizade diferente”, de Adam Elliot, achei que seria mais um filme bonitinho de animação, feito para crianças. Mas, não é. Para minha surpresa, este stop-motion é bem profundo, sensível e feito para adultos. É bonito observar, ao longo do filme, o encontro entre o mundo infantil, que é curioso, livre de pré-conceitos e espontâneo e o mundo adulto, que carrega em si o peso do tempo vivido, das teorias e certezas construídas a partir de uma vida já experimentada.
Este longa-metragem, que é baseado em uma história real, conta sobre a amizade entre Mary Daisy Dinkle, uma menininha australiana, de oito anos de idade e Max Jerry Horowitz, um americano de 44 anos, que mora em
Nova York. Ela sonha em se casar com Mr. Earl Grey. Earl Grey é um tipo de chá, o pai de Mary trabalhava em uma fábrica que produzia saquinhos de chá. A menina, que gostaria que seu pai tivesse passado mais tempo com ela antes de morrer, adorava a palavra Earl Grey e associou-a a imagem de seu príncipe encantado. Ele mora com seus bichinhos de estimação e seu amigo invisível, Mr. Ravióli. Ambos adoram chocolate e assistem “Os
Noblets”, seu desenho animado preferido.
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Psicóloga, Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo e
Pós-Graduanda em Psicoterapia Psicanalítica pelo Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo. thaisandrade@hotmail.com
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LITERARTES, n.2, 2013 – resenha – Thais Fonseca de Andrade
O mundo de Mary é sépia, que é um tom marrom-avermelhado; o de Max é cinza escuro, que é resultado do encontro