Marxismo e os jogos vorazes.

Marxismo e os Jogos Vorazes.
Apresentado comercialmente em 2012 como um sucessor de blockbusters adolescentes como Crepúsculo e Harry Potter, o filme Jogos Vorazes (do original Hunger Games), dirigido por Gary Ross e baseado na série de livros da escritora Suzanne Collins, apresenta um enredo sociologicamente muito mais denso – e próximo do publico enquanto metáfora da realidade social – que as duas franquias previamente citadas, dialogando diretamente com as teorias sociais de conflito. Para analisar o contexto do filme enquanto metáfora para a realidade social, farei um paralelo dele com o pensamento do filósofo Karl Marx (1818-1883), em especial a obra Manifesto Comunista (Penguin Books, 2012) e algumas questões-chaves da teoria marxista, tais como alienação do trabalho, divisão do trabalho, fetichismo da mercadoria e luta de classes.
Os Jogos Vorazes, a divisão dos 12 Distritos, a Colheita e o Tributo.
No início do filme, dois personagens dialogam em um canal de mídia de massa a respeito da origem dos Jogos Vorazes; um deles é um showman (Caesar Flickermann) diretamente ligado ao evento enquanto o outro é o produtor do evento em si ( Seneca Crane). Eles mencionam, a partir do chamado “Tratado da Traição” criado pelo país de Panem e estabelecido após uma rebelião dos 12 Distritos produtores de bens materiais contra Capital. Como punição pela insubordinação dos Distritos, o Tratado institui uma “colheita” anual, onde cada um deles oferecerá dois “tributos” – um homem e uma mulher – para lutarem até a morte em uma arena televisionada na Capital. O produtor explica os Jogos para o showman como uma forma de panaceia social, advindos de um conflito traumático, outrora enquanto punição e atualmente como coesão nacional.
Pelas roupas e adereços de ambos e dos demais personagens da Capital, podemos notar que eles se distinguem enquanto membros de uma casta social mais abastada; adereços que dialogam ao mesmo tempo com a nossa burguesia contemporânea – ternos