Marx
Karl Marx
Julho 1853
Primeira Edição: Artigo publicado no New York Daily Tribune de 14 de Julho de 1853. Fonte: The Marxists Internet Archive Tradução: Jason Borba
Um dos mais profundos, ainda que fantástico, especulador depois de ter consagrado toda a sua existência à descoberta das leis que regem a evolução da humanidade, tinha a lei da unidade dos contrários por um dos mistérios dominantes da natureza. Aos seus olhos o bom e velho provérbio segundo o qual "os extremos se tocam" representava a verdade suprema, eficaz em todos os domínios da vida, um axioma ao qual o filósofo não podia renunciar, assim como o astrônomo às leis de Kepler ou à grande descoberta de Newton. Podemos encontrar uma ilustração clara da universalidade, ou não, deste famoso princípio no efeito que a revolução chinesa parece estar sendo conclamada a provocar no mundo civilizado. Pode parecer muito estranho e paradoxal afirmar que o próximo levantamento dos povos europeus em favor da liberdade republicana dependerá provavelmente mais do que se passa no Celeste Império - no pólo oposto da Europa - do que de qualquer outra causa política atual. Em qualquer dos casos, dependerá mais disso que das ameaças da Rússia e da perspectiva que abrem a um conflito europeu generalizado. De fato, não há nada de paradoxal naquela afirmação, sendo o que não pode deixar de reconhecer quem considere mais de perto as circunstâncias presentes. Quaisquer que sejam as causas que têm determinado as revoltas crônicas destes últimos dez anos na China, revoltas que hoje estão confluindo para uma gigantesca convulsão, qualquer que seja a forma que esta venha a revestir - religiosa, dinástica ou nacional - ninguém duvida que o seu motor são os canhões ingleses, que impõem à China a droga suporífera chamada ópio. Perante as armas britânicas, a autoridade da dinastia mandchou caiu em pedaços; a fé supersticiosa na eternidade do Celeste Império desapareceu; o bárbaro isolamento