Marx e Anarquismo
Maximilien Rubel1
INTRODUÇÃO2
Escrito para L´Europe en formation, este ensaio apareceu no número 163-164,
de outubro-novembro de 1973, dedicado ao tema anarquismo e federalismo. Foi retomado numa recopilação de ensaios publicada em 1974, com o título de Marx, critique du marxisme
(RUBEL, 1974a). Para a presente reedição, o texto foi revisado em sua forma e acrescido com um post scriptum, no qual alguns importantes aspectos do problema central, negligenciados no texto original, puderam ser examinados. Na verdade, a questão só será exaurida quando não houver mais necessidade de ser colocada, ou seja, quando a humanidade se aproxime da imagem que alimentou os sonhos de todos os espíritos revolucionários do século XIX, por mais contraditórias que possam ter sido suas concepções teóricas.
No Littré encontram-se duas definições da palavra “teoria” que merecem ser pensadas antes do início da leitura de nosso ensaio: “1) Especulação; conhecimento que se prende à simples especulação, sem passar à prática [...] 5) Na linguagem comum, qualquer noção geral, por comparação com a teoria científica. [...] Teoria socialista, humanitária, opinião arriscada que se faz sobre o futuro da sociedade e da humanidade”.3
Refletindo sobre a guerra e sobre o “direito de guerra”, Pierre Leroux recordava os limites da filosofia política de Bodin, Machiavel, Hobbes, Grozio e Pufendorf. “O fato é que as especulações dos filósofos estiveram sempre enraizadas no próprio século; podem isolar-se ou abstrair-se, mas é sempre o mundo de seu próprio tempo que os impulsiona”, escreveu em 1827.
Passando à “origem e ao desenvolvimento do princípio pacífico” se acreditava que: “Em todo caso, existe sempre algum espírito temerário que se destaca completamente do próprio século.
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Este texto de Maximilien Rubel é o capítulo 3, da Parte I, “Le marxisme légendaire”, de seu livro originalmente publicado em
1973, Marx, critique du marxisme. Tradução