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O colapso da pirâmide financeira*
Luiz Augusto E. Faria**
A crise internacional e a política brasileira
Economista da FEE e Professor da UFRGS
In all probability, money remains the weakest link, at any rate in a tangible future. [...] Whatever the answer, in the short run the realm of money appears the most likely to trigger such instabilities as are to come. Perry Anderson (2007) Numa análise de conjuntura escrita para o número do último bimestre de 2007 da New Left Review, Perry Anderson (2007) enumerou três grandes contradições resultantes da forma como o capitalismo histórico vem se desenvolvendo no começo deste século. Essas contradições impõem à acumulação de capital três tipos de limites: sociais, em razão do aumento da desigualdade, da miséria e da exploração; naturais, em razão da devastação do meio ambiente e do esgotamento de recursos naturais; e monetários, advindos do modo de funcionamento da ordem financeira global, que tende a gerar desequilíbrios monumentais. Dessas três contradições, afirmava que, se tanto a natural como a social não representavam obstáculos intransponíveis no curto prazo, em função de diversos mecanismos em operação capazes de contra-arrestar suas forças mais oponentes ao regime de crescimento vigente, lhe parecia que o limite financeiro seria o primeiro a se manifestar. Ele tinha razão, como ficou claro durante o ano de 2008. Talvez o episódio mais emblemático da crise mundial das finanças, iniciada com o estouro da bolha imobiliária dos EUA, seja a fraude dirigida pelo ex-Presidente
* Artigo recebido em 12 jan. 2009.
** E-mail: Faria@fee.tche.br
da Bolsa Nasdaq, Bernie Madoff, em Nova Iorque. Pirâmides que pagam prêmios fabulosos, financiados pelo dinheiro de ingênuos novos aderentes, são um caso clássico de estelionato, conhecido pelas polícias do mundo há séculos. O interessante do acontecimento é que seja, como lembrou Belluzzo (2009), uma paródia do funcionamento, até há