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O conceito de narcisismo em Freud e alguns de seus destinos “O narcisismo primário que supomos nas crianças e que contém uma das premissas de nossas teorias sobre a libido é mais difícil de apreender pela observação direta do que de comprovar através de uma inferência retrospectiva feita a partir de outro ponto” (Freud [1914]
2006: 87).
O conceito de narcisismo estabelece-se em um momento muito profícuo da história da Psicanálise e, também, em uma época de muita discórdia entre Freud e
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alguns de seus principais discípulos – Adler e Jung. A troca fecunda entre essas três figuras, em determinado momento, caminhou na direção de uma forte ameaça à causa psicanalítica. Desta forma, no ano em que escreveu o texto princeps
“Introdução ao narcisismo”, em 1914, Freud também elaborou, em tom de polêmica, “A história do movimento psicanalítico”, trabalho no qual se dedicou para preservar a especificidade do pensamento psicanalítico.
Além disso, um dos principais motivos que levou Freud a escrever
“Introdução ao narcisismo” foi, justamente, responder à crítica que Jung lhe fazia quanto à insistência em manter a prevalência do fator sexual para explicar o funcionamento do psiquismo, no seio de uma polêmica que culminou com um rompimento entre ambos. Dois trechos da correspondência de Freud com Jung ilustram bem de que se trata. Na carta de Freud para Jung, datada de 03 de janeiro de 1913, lê-se:
Sabemos que entre nós analistas, nenhum de nós deve ter vergonha do seu pedaço de neurose. Mas aquele que, conduzindo-se anormalmente, grita sem parar que é normal, desperta a suspeita que lhe falta à intuição da doença. Eu lhe proponho, pois, que rompamos totalmente nossas relações privadas (Freud Apud Menezes,
L.C., 2001: 113).
A resposta de Jung: “Eu me dobrarei ao seu desejo de romper nossa relação pessoal porque eu nunca imponho a minha amizade. Quanto ao resto, é o senhor, sem dúvida, que