Maria De Noronha
D. Maria de Noronha também é nobre. Conhecemo-la quando está com 13 anos, o que é já um mau presságio. O nome Maria serve para imprimir à personagem uma maior pureza, porque se pode associar a `Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo.”
Maria é uma personagem estranha. Menina-mulher, tem atitudes que não são próprias da sua idade. Preocupa-se igualmente com assuntos pouco adequados a uma menina de 13 anos. Maria é uma patriota, que defende a identidade e a liberdade do povo português e de Portugal. O seu sebastianismo tem a ver com o nacionalismo, não perdendo ela uma oportunidade para «atacar» os espanhóis. Maria é uma idealista, que gostava de poder combater pela pátria. No entanto, ela tem consciência das suas limitações (condição de mulher, doença, etc.); quase que adivinha as condições pouco nobres do seu nascimento («O que sou… só eu sei, minha mãe… E não sei, não, não seu nada, senão que o que devia ser não sou…»). Maria está doente. Percebemo-lo logo no início, não apenas através dos indícios apresentados na obra, mas também através das constantes preocupações de todos os membros da família e de Telmo. Maria tem acessos de febre ao entardecer, sintoma típico dos doentes com tuberculose. Tem igualmente uma audição apuradíssima, ouvindo aquilo que mais ninguém consegue ouvir. Aos tísicos (doentes com tuberculose), era costume atribuir-se uma capacidade auditiva invulgar. Era habitual dizer-se que «tinha ouvidos de tísico» a propósito de alguém que ouvia muito bem.
Tem também um espírito sonhador e fantasioso, que a faz sonhar de olhos abertos e, outras vezes, a dormir. Percebemos também que Maria sofre de insónias (claro, é uma heroína romântica), porque coloca dormideiras (variedade de papoila) debaixo da almofada para dormir. Ao dormir, Maria tem frequentemente pesadelos, que são como que «relâmpagos» que surgem na sua mente e que pressagiam a desgraça. Quando vê o Romeiro pela 1ª vez,
Maria diz que já o conhecia dos seus pesadelos. Com os seus