A repartição do produto social entre capital e trabalho, depende do salário básico, isto é, da remuneração da grande massa de trabalhadores manuais. Este salário básico depende do “mínimo vital” (conjunto de bens e serviços necessários à reprodução da capacidade de trabalho daqueles trabalhadores, ou seja, ele se limita à satisfação das necessidades físicas). Os trabalhadores, como os demais membros da sociedade, têm sua cultura, ou seja, atribuem significados aos bens e serviços, cujo uso exprime sua identidade social. A questão do mínimo vital e do salário não se restringe à alimentação. Economistas e tecnocratas dizem que os trabalhadores deixam de gastar seu dinheiro com necessidades básicas para satisfazerem necessidades de luxo. Porém isso é arbitrário, pois não leva em consideração o aspecto cultural do deles, que existem em todas as sociedades humanas. Na sociedade capitalista os grupos sociais se diferenciam precisamente pelo consumo e é através dele que há a integração social. As grandes empresas industriais e de serviço alimentam esse consumismo através do lançamento de “novos produtos”. Esses produtos num estágio inicial são exclusivos aos ricos e depois, quando não tão novos são vendidos aos trabalhadores por meio de publicidade. Assim, a cesta de consumo do trabalhador e, portanto o mínimo vital, não deixa de se ampliar e de se transformar. O que até ontem foi uma marca de distinção da classe alta, hoje se torna uma necessidade da massa do povo. As distinções sociais não estão aparecendo, elas apenas mudam de forma. Essas grandes empresas industriais e de serviços são responsáveis pela renovação do consumo, onde o objetivo é obter ganhos monopolísticos. Concretamente, o aumento da produção e da produtividade se manifesta assim, numa grande quantidade de bens e serviços e numa correlata expansão do custo de reprodução da força de trabalho. Em consequência, os trabalhadores necessitam de quantidades crescentes de dinheiro e são obrigados a lutar o tempo