Marcus Vinicius Da Cunha Texto
BRASILEIRA.
Marcus Vinicius da Cunha. FFCLRP-USP.
6 – Intelectuais, Pensamento Social e Educação
O “manifesto dos pioneiros da educação nova” é objeto de inúmeros estudos, sob variadas abordagens. Nos últimos anos, tem recebido especial atenção, devido às comemorações de seu septuagésimo aniversário. Embora seja assim, nunca é demais relembrar, ainda que resumidamente, o contexto de sua produção e veiculação, para situar o tema do presente trabalho.
Várias narrativas informam que o “manifesto” deve sua origem à IV Conferência
Nacional de Educação, realizada pela Associação Brasileira de Educação, ABE, entre os dias 13 e 20 de dezembro de 1931, na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião, os conferencistas discutiram a possibilidade de dar resposta aos discursos lá pronunciados pelo Chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas, e por seu Ministro da Educação e
Saúde Pública, Francisco Campos, que solicitaram definições sobre “o ‘sentido pedagógico’ da Revolução”, conforme palavras de Nóbrega da Cunha (2003, p. 40), cuja intervenção foi decisiva na condução dos trabalhos do evento.
Carlos Alberto Nóbrega da Cunha, jornalista representante da Associação Brasileira de Imprensa e da Associação dos Artistas Brasileiros, amigo de Fernando de Azevedo e
“colaborador entusiasta” (ROCHA, 2003, p. 12) de sua reforma do ensino no Distrito
Federal, entre 1927 e 1930, apresentou uma “Explicação à Mesa e à Assembléia da IV
Conferência Nacional de Educação”, na qual assumia “o encargo de esboçar a questão” levantada por Vargas e Campos, para que fosse “levada, já em súmula, ao estudo da futura
Conferência Nacional de Educação”, a ocorrer no Recife, no ano seguinte. Declarando atuar “em nome da corrente ideológica cujos princípios e aspirações” defendia, “não em caráter individual, mas como membro de uma vanguarda”, Cunha (2003, p. 59) transferia a responsabilidade para Fernando de Azevedo, “confiando-lhe assim, perante o