Marcas talibãs
2 - o Plano Real fez mais do que aumentar o consumo de frango e de iogurte, como já se disse. Também mudou os paradigmas do marketing no Brasil. Com mais dinheiro para gastar, a população de baixa renda passou a consumir alimentos e outros itens domésticos em maiores quantidades. É claro que a demanda por esses bens andava mais reprimida entre os consumidores mais pobres que entre os das classes alta e média. Foi isso que fez engordar os volumes de vendas das B-brands (marcas B).
3 – Novas marcas emergem quando há crescimento de mercado, produtos tradicionais vulneráveis ou consumidores insatisfeitos. Pode-se dizer que uma combinação disso aconteceu nos anos que se seguiram à estabilização da economia. O que não faltou foram oportunidades para os que quisessem se aventurar a beliscar as prateleiras de leite longa-vida a biscoitos, de adoçantes a iogurtes e refrigerantes, de amaciantes a xampus e fraldas. As vendas de leite longa-vida mais do que triplicaram e as de suco pronto, de adoçantes e até de rações para cães, dobraram, também na crença, que por décadas orientou as multinacionais, de um suposto piso de consumo restrito às classes A e B.
4 - É sabido que o mercado era (ou ainda é) dominado pelas chamadas marcas talibãs (aquelas com táticas de guerrilha ou, simplesmente, cópias de má qualidade com preços muito abaixo da média).
5 - Para entender melhor, é necessário recuar aos tempos da inflação velha de guerra. Naquela época, as vendas podiam até despencar, como despencavam com frequência nos ciclos recessivos que não poupavam os orçamentos das classes médias. Os fabricantes tinham a faca e a remarcadora na mão: bastava reajustar os preços para