MARC BLOCH E A HISTÓRIA COMO CIÊNCIA DINÂMICA
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O francês Marc Léopold Benjamim Bloch, considerado por muitos como o maior medievalista do século XX, escreveu sua última obra, objeto desta resenha, em cativeiro. Por ser judeu, Bloch foi perseguido pelos alemães desde a ocupação nazista de Paris. A partir de 1941, o autor iniciou a registrar em seus cadernos suas últimas ideias, as quais, após reunidas e organizadas por Lucien Febvre, deram origem a Apologia da História. Em 1944, fazendo parte da Resistência Francesa, Bloch foi capturado e executado, deixando, assim, o livro inconcluso. A obra é iniciada com o questionamento da legitimidade da História: para que serve? É uma ciência, arte ou simples divertimento? Para Bloch, uma alternativa não exclui as outras. Essa ideia das múltiplas facetas da ciência histórica vai contra os historiadores da escola metódica francesa, antigos professores do autor, cujas ideias positivistas comtianas declaravam que o valor de uma ciência é medido pela sua capacidade de ser útil à ação prática. É justamente esse posicionamento que Bloch e Febvre, ao fundarem os Annales, vieram a combater. O primeiro capítulo, “A história, os homens e o tempo”, funciona como introdução ao objeto do ofício do historiador. Ao contrário do senso comum, não é simplesmente o passado, pois “como (...) poderíamos fazer de fenômenos que não têm outra característica comum a não ser não terem sido contemporâneos, matéria de um conhecimento racional?” (BLOCH, 2001, p. 52). Porém é somente na ciência histórica que o homem, inserido nesse passado, é protagonista. Assim sendo, pode-se afirmar que, mais que simplesmente do passado ou dos homens, a História é a ciência dos homens no tempo. O tempo da História não é apenas uma medida, como é em outras ciências. Para o historiador, o tempo é o ambiente – vivo, contínuo e em perpétua modificação – em que a ação humana se faz presente. Nessa antítese entre a continuidade e a eterna mudança do tempo, Bloch posiciona suas reflexões sobre o passado e o