marabaixo
NEGRA DO AMAPÁ
Sheila Mendes Accioly smaccioly@yahoo.com.br Sandro Guimarães de Salles sandroetno@ig.com.br Resumo: Os primeiros negros chegaram ao Macapá no século XVIII, vindos de Belém, do
Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Maranhão, para a construção da Fortaleza de São
José. Além destes, aportaram, no município de Mazagão, várias famílias negras fugidas das guerras entre mouros e cristãos, travadas no norte da África. O Marabaixo nasce do encontro entre estas diferentes etnias e os colonizadores brancos, interagindo dentro de um mesmo contexto social. Símbolo de identidade social e etnicidade do povo do Amapá, este folguedo consiste em uma manifestação musical elaborada a partir das referências do catolicismo popular. Nele, os aspectos lúdicos, religiosos e transgressores transpõem os limites entre o lícito e o não lícito, entre o sagrado e o profano. Na vila do Curiaú, comunidade rural a oito quilômetros da capital, esta tradição se mantém, por vezes vinculada a práticas afro-religiosas. No contexto urbano, ela é praticada em Macapá, notadamente nos bairros do Laguinho e Favela. A música do folguedo consiste em cânticos acompanhados de membranofones, feitos em madeira esculpida. Sua coreografia, seguindo a tendência da maioria das danças religiosas afrobrasileiros, é circular e em sentido antihorário. O aspecto religioso aparece, ainda, na presença de uma bebida ritual denominada
“gengibirra”. Nosso trabalho busca compreender, dentro de uma perspectiva interpretativa, a importância do Marabaixo enquanto elemento de identidade social e etnicidade, partindo das abordagens comunicacional e etnomusicológica.
Palavras-chave: Marabaixo, identidade, etnicidade.
Os navios negreiros que chegaram ao Amapá no século XVIII, por volta de 1758, trouxeram para o município de Mazagão 163 famílias negras do norte da África, fugidas dos conflitos entre cristãos e mulçumanos na região do Sudão, e