Mar portugues - Mensagem
“O Mostrengo”
Tal como o Gigante Adamastor em Os Lusíadas, o Mostrengo simboliza os perigos, os obstáculos, os medos que os marinheiros portugueses tiveram de enfrentar e, num plano mais vasto, os medos que todo o homem, para se superar a si mesmo, tem de ultrapassar.
O homem do leme não é o herói-estátua que não tem medo de nada, mas sim aquele que, perante o perigo treme, tem medo, mas é capaz de vencer esse medo que por momentos o paralisa.
Como ele mesmo afirma, ele é o mandatário de um rei que o investiu de uma missão e representa todo um povo que, ansiando pelo mar, partiu para o desvendar e possuir.
O número três, símbolo do mistério, da resolução, da união, da perfeição e da totalidade divina está presente em todo o poema: 3 estrofes de nove versos (3 x 3); o Mostrengo: fala 3 vezes;
"voou três vezes", "voou três vezes a chiar", "rodou três vezes", "três vezes rodou"; o homem do leme: responde 3 vezes; "três vezes do leme asa mãos ergueu, /Três vezes ao leme as reprendeu/E disse no fim de tremer três vezes" (nota: o número três tem uma presença importantíssima na
Mensagem que está organizada, precisamente em três partes).
Este poema apresenta um tom narrativo pela presença, desde logo, de um narrador que, utilizando o pretérito perfeito do indicativo, relata o confronto entre duas personagens situadas num espaço. Em muitos aspetos semelhante ao episódio do Gigante Adamastor de Os Lusíadas, apresenta também um tom épico, pela forma como o herói enfrenta, com grandeza e coragem, os seus medos, em nome de todo um coletivo, investido de uma missão superior.
O Mostrengo lendário que habitava os mares sem fim e representava o perigo e o medo foi vencido pelos portugueses que enfrentaram esse medo do desconhecido e esse confronto deu-se no passado. No entanto, no presente, permanece o desconhecido de cada homem, de cada coletivo, de
Portugal, que tem de enfrentar os seus próprios medos, descobrir o