Mar Lia De Dirceu AN LISE
4° Período Letras/Inglês – Campus Unaí
Disciplina: Literatura Brasileira
Professor: Dirlenvalder do Nascimento Loyolla
Acadêmica: Isabella Santos Jeremias
Marília de Dirceu é uma obra do gênero lírico considerada a obra-prima de Tomás Antônio Gonzaga, e contém elementos típicos do arcadismo – período em que foi criada – em sua construção.
O arcadismo foi o movimento que compreendeu a produção artística logo depois do período barroco, diferenciando-se dele por buscar a simplicidade e a verdade, exaltando a natureza e a vida equilibrada em contato com ela, fazendo uso de uma linguagem mais simples e direta, sem abusar da linguagem metafórica e preciosismos.
Em vários trechos das liras que compõem a obra é possível perceber essa doçura e simplicidade da vida no campo, típicas do arcadismo e por ele idealizadas, como neste trecho extraído da primeira lira:
“Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.”
Além de uma temática bucólica evidente, o trecho também mostra a linguagem clara e verossímil usada em toda a obra, voltada para a realidade e não para o lúdico, como no barroco. Eis mais um exemplo:
“Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.”
Enquanto o barroco abusava das ambiguidades, enigma, analogias, fugia da realidade apoiado na metafísica e impregnava de ideologias as suas artes, as obras do arcadismo, de modo geral, como no trecho acima, não queriam dizer mais do que diziam. A objetividade era cultuada, opondo-se a esse “exagero” barroco.
Postas tais diferenças fica claro que a linha que divide esses períodos é bem definida, e a obra em questão apresenta elementos que ilustram bem essa diferenciação.