Maquina E Novas Formas De Controle Seg
A “máquina” como instrumento de controle na sociedade tecnológica – Herbert
Marcuse crítico da tecnologia1
PISANI, Marilia M.
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, Programa de Pós Graduação em Filosofia e
Metodologia das Ciências
Introdução:
No mesmo ano em que conclui o seu primeiro livro em inglês, “Razão e Revolução”,
Marcuse também publica o texto “Algumas Implicação Sociais da Tecnologia Moderna”2 (AISTM).
O texto trata de seu primeiro estudo sobre o tema da técnica e da crítica da tecnologia. Marcuse, que vivia neste período em exílio nos Estados Unidos, absorveu completamente as pesquisas americanas em seu texto, fazendo uso de um material extremamente rico de pesquisas e relatórios, documentos do governo e monografias sobre o tema da tecnologia. No texto ele analisa como o desenvolvimento das forças produtivas e a introdução da maquinaria modificou o processo de trabalho, criando um novo indivíduo e uma nova sociedade. Marcuse procura mostrar que “a tecnologia está criando novas formas de sociedade e cultura com novas formas de controle social” (Keller, 1999: 18)3.
O texto descreve o processo de constituição da “sociedade tecnológica” nos seguintes termos: “o princípio da eficiência competitiva favorece as empresas com o equipamento industrial mais altamente mecanizado e racionalizado” – “o poder tecnológico tende à concentração do poder econômico”. Grandes conglomerados de empresas e impérios industriais são formados produzindo enormes quantidades de mercadorias, controlando todas as fases da produção da mercadoria, da matéria-prima à distribuição. Nesse contexto a “técnica” coloca seu poder à disposição das grandes empresas, “criando novas ferramentas, novos processos e produtos” – ocorre uma “coordenação radical” para “a eliminação de todo desperdício e aumento da eficiência” (Marcuse, 1999: 76-7, grifo meu).
Marcuse procura mostrar como essas mudanças na composição técnica do capital, mudanças possibilitadas pelo avanço tecnológico