maquiavel
Se ensinei aos príncipes de que modo se estabelece a tirania, ao mesmo tempo mostrarei ao povo os meios para dela se defender.
É necessário ser príncipe para conhecer perfeitamente a natureza do povo, e pertencer ao povo para conhecer a natureza dos príncipes.
(Nicolau Maquiavel)
Maquiavel é um teórico mal compreendido tanto pela crítica quanto pelo senso comum. A própria significação que se dá ao termo maquiavélico revela o grau de incompreensão do que foi escrito por este florentino do início do século XVI.
Os termos maquiavélico e maquiavelismo nos fazem pensar em alguém extremamente poderoso, perverso, sedutor e enganador, que leva as pessoas a fazerem exatamente o que ele deseja, mesmo que sejam aniquiladas por isso. Estes termos são usados no dia-a-dia. Seu uso extrapola o mundo da política e habita também o universo das relações privadas. Os termos vinculam a identidade com o que é considerado em nossa cultura como diabólico. Assim Shakespeare (Apud CHAUÍ, 1995, p. 245) o chamou de “The Murderous”, identificando-o com o diabo. Os jesuítas incriminavam os protestantes considerando-os discípulos de Maquiavel. O maquiavelismo serve a todos os ódios, modifica-se de acordo com os acontecimentos (SADEK, 2004).
O principal equívoco sobre Maquiavel é o que vincula a ação inescrupulosa ao desejo do poder pelo poder. Nada mais contrário a Maquiavel do que vinculá-lo à expressão “os fins justificam os meios”. Ele não desprezava os fins, os objetivos, mas, sim, os colocava em seu devido lugar, no centro do planejamento da ação política: “Toda a ação é designada em termos do fim que se procura atingir” (MAQUIAVEL, 1996). É neste aspecto que reside a revolução maquiaveliana.
Neste sentido, há de se perguntar sobre quais eram os fins que Maquiavel propunha. Fundamentalmente, Maquiavel procurava reunificar a Itália e construir uma instituição republicana na qual a vontade do povo fosse respeitada. Esta compreensão republicana e democrática