Maquiavel e More
Desde a queda do Império Romano, da Era patrística até o Renascimento, a Igreja católica estendeu sua influência por todo o conjunto de relações sociais e políticas que caracterizaram a Europa medieval. A sociedade desse longo período, tinha sua economia organizada pelo feudalismo, onde o senhor feudal exercia sua suserania. Essa economia era essencialmente agrícola, e os servos possuíam o direito do usufruto sobre tratos da terra, sendo permitido a eles cultivá-la em troca do pagamento de rendas ao senhorio. A propriedade privada não era plena, pois os senhores nobres não tinham o direito de alienar sua propriedade, segundo a instituição de Morgadio. Politicamente, o Estado era descentralizado. Não havia um Estado organizado, e os interesses políticos se confundiam com os interesses particulares. A Igreja passa a acumular o poder temporal e espiritual, e chegou a ter posse de cerca de um terço das terras da Europa. O clero é a principal ordem, e sua principal função é rezar. A segunda ordem é formada pela nobreza, e finalmente vem os que trabalham, a terceira ordem. Notável é o trabalho de monges, que juntamente com os árabes, preservaram grande parte dos escritos clássicos da antigüidade. A filosofia escolástica, fundada por Santo Anselmo, tem como principal representante Santo Tomás de Aquino. Esses padres cristãos desprenderam um grande esforço em conciliar a fé com a razão, a teologia com a filosofia grega, notavelmente de Platão e Aristóteles. A vida medieval era essencialmente cíclica, contemplativa. Isso parecia estar mais de acordo com a vida regida por preceitos religiosos, de adoração ao Deus todo poderoso. Nesse ponto, temos a contraposição entre o ócio e sua negação, o negócio. Essa diferença ia ocupar um papel de destaque no final da Idade Média, compreendido no século XIV, quando os nascentes burgueses discutiriam com alguns humanistas qual era a vida mais nobre a ser seguida. As cidades, apesar de diminuídas durante a Idade Média,