Maquiavel e Hobbes - Ciência Política
Escrito em Florença, na época do Renascimento, o livro carrega o sentimento do autor de ver a Itália poderosa e unificada, uma vez que nela reinava a confusão, onde se assolava a instabilidade política com crises constantes. Não havia Estado central e tampouco legitimidade no poder, o que gerava inúmeras disputas internas que eram ainda mais agravadas pela constante invasão dos países vizinhos – entre eles França e Espanha –, um contexto que não permitia a permanência de nenhum governante no poder por tempo superior a dois meses.
O poder era cada vez mais “multipolarizado” e Nicolau, devido a sua vasta experiência política sabia que a estabilidade só poderia ser conquistada por ações rápidas e precisas, que só um governante forte poderia executar. E um governante forte nessa época deveria ter pulso firme, ser determinado e não medir esforços, era preciso ser capaz de agir.
E a partir da necessidade do monarca ser capaz de agir sem medir esforços, com o passar do tempo, surgiu de forma errônea a frase de que “os fins justificam os meios”, o que Maquiavel nunca chegou a realmente pregar. Em parte, na época para a qual a obra foi escrita, sim o fim – unificação italiana – “justificava” o meio, mas apenas no sentido de fazer o necessário e nada mais. Uma vez que o manter no poder que Maquiavel prega e ensina, não busca o absolutismo, mas sim a unificação e estabilidade.
O Príncipe ensina a agir segundo as circunstancias e necessidades, fazendo com que caia por terra também o pejorativo adjetivo maquiavélico, muitas vezes usado para definir alguém sem escrúpulos e imoral, que age contra a ética em qualquer situação visando unicamente o beneficio próprio.
Muitas vezes a obra pode parecer paradoxal, uma vez que se praticam ações “boas” e “más”, outras vezes também pode ser classificada de imoral, mas é possível se chegar à conclusão que não diz respeito nem a uma coisa nem a outra. Nicolau prega apenas que a política tem uma moral