Tema 2 (impactos na saúde): Com o desenvolvimento do Projeto Genoma Humano, tornou-se possível verificar, pela análise de genes, que patologias um indivíduo tem potencialmente e cuja manifestação ocorrerá em algum momento do futuro, ou, ainda, quais são suas predisposições genéticas para manifestar determinadas doenças, também no futuro. Dessa forma, a medicina teve o seu campo de ação ampliado com o aparecimento dos exames para diagnóstico de doenças de manifestação tardia. Iniciados na década de 80, época em que se desenvolviam pesquisas na área da genética, os diagnósticos pré-sintomáticos dariam apoio ao aspecto preventivo das ações médicas, até então mais voltadas para o tratamento de doentes. Os exames agora passariam a incluir o indivíduo são (até mesmo em sua fase pré-natal) e objetivariam prever, evitar ou amenizar seus males ainda não manifestados. Estabelecia-se, assim, uma medicina preditiva, que, com base na investigação tecnocientífica, não só possibilitaria ao indivíduo ter acesso à sua história de saúde futura, como, ainda, facilitaria as ações de uma medicina preventiva, já que o indivíduo, apoiado em informações genéticas, teria a oportunidade de planejar sua vida de acordo com seu potencial de saúde e doença e, principalmente, de tomar providências para o tratamento e eventual cura de uma doença prevista. Cada vez mais, as doenças genéticas podem ser diagnosticadas ou confirmadas pelo diagnóstico genético, o que significa a não necessidade de outros exames menos informativos ou, muitas vezes, invasivos. De uma perspectiva imediata e simplista, portanto, o aspecto utilitário do uso de testes preditivos parece indiscutível. Entretanto, desde o surgimento do primeiro exame para diagnóstico pré-sintomático de doenças genéticas que se manifestariam no futuro, verificou-se que havia inúmeras implicações em seu uso - mormente as que envolviam aspectos éticos e morais. Estava inaugurada uma série de longos debates sobre o assunto, debates esses