Manuscritos Da Juventude
Publicada postumamente, obra de Marx foi escrita em 1844 Numa edição muito bem cuidada, o público brasileiro pode contar finalmente com o texto completo dos Manuscritos econômico-filosóficos, escritos na juventude de Marx, em Paris, no ano de 1844, e publicados postumamente em 1932. É difícil descrever o impacto que a publicação tardia causou no marxismo do século 20, acostumado ao pensamento de O Capital, diferente no conteúdo e na forma.
Se talvez pela força desse costume os Manuscritos tenham chamado pouca atenção nos anos imediatamente seguintes à sua publicação, eles não tardaram a provocar uma intensa polêmica, quando se destacou a diferença entre as suas formulações e o que se conhecia e se reconhecia até então como sendo o marxismo.
Em linhas muito gerais, houve aqueles que os consideraram expressão de uma visão humanista mais tarde abandonada por Marx, caracterizando uma diferença essencial, talvez até uma ruptura entre as duas fases da sua obra. Os partidários desta tese dividiram-se, por sua vez, conforme preferissem o humanismo da primeira fase em detrimento do que seria a visão mais economicista ou cientificista própria da chamada obra de maturidade, ou conforme, por outro lado, acreditassem ser esta última mais representativa do projeto e da realização teórica de Marx.
Como essa era a perspectiva dos partidos comunistas, que afirmavam a cientificidade do marxismo, pode-se imaginar a gravidade do desafio que o humanismo lançava a eles. Todo o significado da crítica marxista à sociedade moderna e das práticas políticas daí decorrentes estava posto em questão.
Mas houve também quem insistisse numa continuidade, mesmo que relativa, entre os Manuscritos e a obra posterior. Isso implicava reinterpretá-los a partir desta segunda, como se eles fossem basicamente uma preparação para ela, ou ainda reinterpretá-la através deles, buscando-se nos textos de O Capital, por exemplo, elementos já configurados desde a juventude do autor.
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