Manuel Bandeira
Análise Semiótica
Dayane Celestino de ALMEIDA1
RESUMO: Manuel Bandeira escreveu vários poemas que tratam do “fazer poesia”, ora dizendo para que a poesia serve, ora dizendo como ela deve ser. Este trabalho apresenta uma análise de um desses poemas – “Poética” – sob a perspectiva da semiótica francesa.
PALAVRAS-CHAVE: Semiótica. Poesia. Manuel Bandeira. Greimas.
Introdução
Ao longo de sua carreira, Manuel Bandeira escreveu vários poemas que podem ser considerados “poéticas”, ou seja, eles tratam do “fazer poesia”, ora dizendo para quê a poesia serve, ora dizendo como ela deve ser.
Este trabalho apresenta uma análise de um desses poemas – “Poética” – sob a perspectiva da semiótica francesa ou greimasiana. Procuramos fazer uma análise minuciosa do poema, descrevendo também a organização do plano da expressão (HJELMSLEV, 1975) e salientando suas relações com o plano do conteúdo. Procuramos, ainda, responder à seguinte pergunta: Em que medida o poeta segue, no próprio poema, o que ele preconiza? Ou seja, procuramos averiguar como se relacionam o conteúdo e a expressão nesse poema, verificando se o que se diz em uma dessas faces é de fato o que se faz na outra.
Um ponto importante a mencionar é o fato de que a semiótica tem como princípio o estudo do texto em si, ou seja, ela tem como fio condutor uma investigação cujo ponto de partida é o exame do texto “de dentro para fora, esforçando-se por construir, antes de tudo, uma escrupulosa descrição
“interna” do texto, para, só então, ir em busca das suas conexões intertextuais
1 Programa de Pós-graduação em Semiótica e Linguística Geral da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da USP, São Paulo, SP, Brasil. dayane.almeida@usp.br
140
Revista do GEL, São Paulo, v.6, n. 2, p. 140-159, 2009
“Poética”, de Manuel Bandeira: análise semiótica
ou contextuais. Assim, a semiótica considera que o texto é um todo de significação que “produz em si mesmo as