Manual de Sobrevivencia Universitária
Em 1982, passei no vestibular. Tinha acabado de completar 18 anos e me tornei universitário. Havia algo de especial naqueles dois fatos: sentia-me adulto, maduro. A sensação de maturidade que acompanha a maioridade é natural e não precisa de comentários. Mas por que ser universitário me fazia sentir maduro? Possivelmente era o fato de me vestir como quiser, eu poderia escolher minhas roupas. Mas havia uma razão mais concreta e séria e de natureza politica. O Brasil ainda se encontrava em plena ditadura, e por sua vez as universidades representavam a resistência e protesto contra as ideologias ditatoriais.
Havia estudantes que se posicionavam contra o regime, e outros que o defendiam por serem de classes que se nutriam daquele sistema politico além dos que não queriam participar de nada, não queriam se envolver em nenhuma questão ideológica.
Assim, naquele turbilhão politico que eram os anos 80, ser universitário era escolher um lado, por mais que não tivesse lado algum, você estaria assumindo passivamente a bandeira do status quo dominante.
Hoje o movimento ideológico é bastante diferente, tanto que foi cobrado por Cristovam Buarque, então ministro da Educação a busca de ‘’novas utopias’’ e de ‘’tensão ideológica’’ na universidade. Isso acontece pela mudança de valores pelo atual momento politico. A maneira de ver como era um universitário naquela época é diferente dos tempos atuais.
Ser universitário é também utilizar da instituição como um local para discussões sobre a sociedade em que vivemos. Será que ser estudante universitário é simplesmente para conseguir um papel que se chama Diploma?
Essas perguntas se encaixam em qualquer curso, exemplo, será que os cursos da área da saúde estão preparando profissionais para lidar com seres vivos ou apenas pessoas que lidam com corpos que são vistos como uma fonte de lucro? Será que os cursos de Letras estão formando professores aptos a ajudar estudantes a se tornarem pessoas mais