manifesto contra o trabalho
"Manifesto contra o trabalho"
Heinz Dieter Heidemann
"Proclamam o direito ao trabalho como princípio revolucionário... Somente escravos são capazes de uma tal humilhação. Para um grego da antiguidade entender uma tal humilhação, precisaríamos de 20 anos de civilização capitalista."
Paul Lafargue, 1883, sobre a revolução de 1848.
Se aqui já não é mais nenhuma novidade, também nos países centrais do mercado mundial torna-se cada vez mais evidente que os dias do pleno emprego estão contados. Consequentemente, ouvimos, de um lado, cada vez mais o grito desesperado pela salvação do trabalho e pela criação de novos empregos, e de outro, encontramos um solo fértil para a crítica radical do conceito de trabalho.
Salvar o trabalho ou superá-lo? O trabalho é realmente, como sempre se diz, condição natural para existência humana?
O grupo, que publica na Alemanha a Revista Krisis, agora no seu número 21/22, discute o trabalho como uma actividade social historicamente determinada e como conceito específico da moderna produção de mercadorias. A superação do fetichismo do trabalho das correntes visões sociais de mundo, inclusive do marxismo tradicional do movimento operário, traz, ao grupo, bases para uma nova abordagem da crítica de sociedades capitalistas, que ultrapassa a hoje tão familiar simulação da crítica.
Robert Kurz, um dos membros do Grupo Krisis, discutiu, partindo da crítica do valor, a problemática em diversas publicações: "Trabalho abstracto e socialismo" (1987), "A honra perdida do trabalho" (1991), "Pós-marxismo e fetiche do Trabalho" (1995), como também em seus artigos publicados na "Folha de São Paulo". Ernst Lohoff, Norbert Trenkle e Roswitha Scholz, do mesmo grupo, deram outras contribuições importantes.
No Laboratório de Geografia Urbana (Labur/DG/FFLCH/USP), um conjunto de professores, graduados e pós-graduados estuda, há alguns anos, as análises do Grupo Krisis. Participou, em várias oportunidades, de seminários