Manifestações
As ondas de choque dos protestos iniciados há duas semanas foram sentidas de duas maneiras bem diversas nesta terça-feira em São Paulo. Cerca de 50 mil pessoas se reuniram na Praça da Sé no final da tarde e rumaram até a sede da prefeitura da capital. Ali, o grupo rachou. Uma turba acuou a Guarda Civil Metropolitana, depredou o edifício, incendiou um carro de TV e uma guarita da PM e saqueou lojas pelas ruas do centro. O restante, a grande maioria, guardou distância da violência e seguiu rumo à Avenida Paulista, por onde marchou pacificamente.
O vandalismo que tomou conta do centro de São Paulo é certamente minoritário, mas não está desconectado da série de protestos que tomam conta do país. É subproduto de um discurso irresponsável segundo o qual o uso de força policial em manifestações é um resquício da ditadura militar. Não é, como se viu nesta terça-feira.
A tentativa de tachar como ilegítima e autoritária a ação da polícia militar na quinta-feira passada – e não apenas apontar seus erros – fez com que desde ontem governadores calculassem ser mais vantajoso manter tropas “aquarteladas”, deixando cidades à mercê dos marginais. Foi assim que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro foi depredada ontem, e o centro de São Paulo varrido por uma horda nesta noite.
A continuação dos protestos nesta terça-feira e a promessa de novas passeatas nos próximos dias deixa os políticos aturdidos. As críticas não poupam nem governo nem oposição: um boneco incendiado em frente à prefeitura de São Paulo, representando PT e PSDB, simbolizou isso. A presidente Dilma se reuniu em São Paulo com o mentor Lula e o marqueteiro João Santana para discutir uma estratégia de resposta aos acontecimentos.
Enquanto isso, governadores e prefeitos flertam com a irresponsabilidade, condescendendo com o abatimento irrefletido das tarifas de ônibus. Até o fim do dia, pelo menos quatro capitais já haviam reduzido