manha submersa de Luis Sepulveda
Trata-se de uma narrativa autodiegética cuja personagem central é António dos Santos Lopes (por alcunha, o Borralho). Proveniente de uma pobre família beirã, o narrador conta, passados vinte anos, o tempo em que permaneceu no seminário, para onde fora enviado, contra a sua vontade. Era sua protetora, D. Estefânia, uma senhora rica, beata e viúva, que pretendia torná-lo padre, o que constituía, segundo a mentalidade da mãe do rapaz, uma relevante promoção social e um futuro garantido.
A narrativa passa-se em três espaços distintos: o seminário, a casa pobre da família do jovem e a casa rica de D. Estefânia.
Vários aspetos são destacados na obra, como a educação repressiva da época, a miséria da região, as desigualdades sociais, a amizade e o amor. No entanto, a obra realça sobretudo os sentimentos e as íntimas emoções do seminarista. O final trágico dá-se nas férias da Páscoa, quando António Lopes as vai passar a casa. Decidido a mudar o rumo da sua vida e apoderado de um sentimento de revolta, aproveita o facto de ter sido escolhido para lançar foguetes, durante a festa de aniversário do Dr. Alberto, filho de D. Estefânia. Deixa rebentar na mão direita um foguete, perdendo assim dois dedos. Mutilado, não poderá ser padre. Concretiza, daquela forma drástica, o que sempre desejara - deixar de frequentar o seminário, por falta de vocação para o sacerdócio.
A obra Manhã Submersa foi adaptada para cinema, com título homónimo, em 1980. A realização é de Lauro António, e Vergílio Ferreira desempenha o papel de reitor do seminário. O filme ganhou alguns prémios e foi selecionado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro (1981). Em 1990, o livro ganhou o Prémio Femina