Mandela
O livro foi adaptado ao cinema em Mandela - A Luta Pela Liberdade (Goodbye Bafana, 2007), que prometia um retrato da luta do ativista sul-africano, mas o resultado é unilateral, obviamente embelezado e vazio.
O elenco é razoável, especialmente Dennis Haybert (o senador/presidente Palmer de 24 Horas), que vive Mandela, mas o roteiro oferece muito pouco para que eles trabalhem. Inicialmente, James, vivido pelo irregular Joseph Fiennes (Lutero) é, como todo a esmagadora maioria sul-africana branca de 1948 a 1990, um ferrenho simpatizante do regime segregacionista do Apartheid. Por conta de uma infância em que tinha amigos negros, porém, ele conhece o dialeto falado por Mandela e seus colaboradores - e é designado para o departamento de censura da prisão em que o líder está preso.
Aos poucos, o carcereiro começa a respeitar o advogado, ativista e guerrilheiro da causa da liberdade social - algo que reflete o próprio sentimento do país, que sofre cada vez mais pressão da comunidade internacional para mudar o regime. No filme, porém, a mudança é brusca, mal conduzida e parece rápida demais.
Em determinado momento, Gloria, a esposa de James (vivida pela linda Diane Krueger), pergunta, desesperada com o destino da família: "como você deixou as coisas chegarem a esse ponto?", ao que Fiennes responde "se você conhecesse Mandela, entenderia". Ora, acontece que nós, como Gloria, também não conhecemos Mandela. O sujeito até ali - e estou falando da metade da projeção - mal apareceu no filme e teve dois, três diálogos com o guarda censor. Não dá para acreditar que tamanha devoção do carcereiro pelo ativista venha desses parcos encontros.
O filme perde-se aí, ao precisar do conhecimento do público na figura histórica de Mandela, pressupondo que