Mamute de walkman
Durante anos e anos me recusei a fazer parte das redes sociais. Mas não à toa.
É que tão logo o velho Orkut foi criado, eu, como boa samaritana, fui lá e criei minha conta. Aconteceu que já na primeira semana, encontrei uma cologa de infância que há muito havia se mudado da cidade, e foi aquela história: “que saudade! como vai? etc. e tal.”. E assim, nos dias que se seguiram, ela deixou inúmeros e consecutivos recados – aos quais eu respondia (sempre simpaticíssima), até o dia em que, por acaso, não respondi. Pronto. Ela fez um vendaval e me acusou de desnaturada para baixo. Confesso que fiquei assustada e me dei conta de que aquilo não era para mim.
Definitivamente, eu não daria conta de manter relacionamentos tão próximos e, ao mesmo tempo, tão distantes. Nem queria ser julgada assim, tão ferozmente, por não estar presente (e esfuziante) a todo instante. Sei que desfiz minha conta, peguei meu banquinho e sai de mansinho.
Decidida sobre minha preferência – cultivar as amizades ao vivo e a cores – me mantive fora da rede. Fora do universo que é tão paralelo quanto de todos. Mas não sem pagar um preço. Sim, porque há anos ouço que é uma estupidez ficar de fora e que para quem trabalha com criação, como eu, era praticamente absurdo não ter um perfil no Facebook. Meu irmão me provava apontando números, amigas me davam exemplos de sua amplitude e colegas de profissão me aconselhavam a tomar logo uma atitude – “anda com isso Maria. É importante!”. E até meu marido, com eu tinha selado um acordo sobre isso, me traiu e fez sua própria conta – “é pelo profissional, meu amor, acredite” – ele me disse.
Ainda assim, me mantive fiel à velha resolução. Altiva, do alto do pedestal da teimosia, dizendo “não”.
É, até ontem à noitinha…
Depois de uma conversa com a jornalista que está assessorando o lançamento do meu livro, que acontece em agosto, no Rio, não tive mais saída. Segundo ela, “criar um perfil seria indispensável” (…); “a rede é o futuro – e