Malthus x Ricardo
A “lei da população” de Malthus parte de dois postulados básicos: primeiro, que, sem alimentos, a humanidade não sobrevive e, segundo, que a paixão entre os sexos não se extinguirá. Esses dois princípios operam como duas leis fixas da natureza humana. Então, como afirma, “adotando meus postulados como certos, afirmo que o poder de crescimento da população é infinitamente maior do que o poder que tem a terra de produzir meios de subsistência para o homem”. É muito conhecida sua formulação sintética dessa lei populacional: “A população, quando não controlada, cresce a uma progressão geométrica. Os meios de subsistência crescem apenas numa progressão aritmética”. Ele considera correta e inquestionável a lei do crescimento geométrico da população e tenta provar que a terra é incapaz de produzir alimentos na mesma progressão. Malthus até admite que a produção de alimentos possa crescer muito, mas nunca numa progressão geométrica, de forma contínua e por muito tempo, para acompanhar o crescimento explosivo da população. Podemos dizer que a teoria da população de Malthus consiste, sobretudo, de uma tentativa de argumentação lógica, mas sua base empírica é muito precária; ele observa que, nos Estados Unidos, onde havia mais abundância de alimentos e menos restrições aos casamentos, a população havia dobrado em 25 anos e, a partir dessa observação simples, pretende concluir que a população, quando não controlada, cresce a uma taxa geométrica e que os alimentos nunca poderiam crescer a esta taxa, ou seja, dobrar a cada 25 anos, pois a terra estava sujeita à lei dos rendimentos decrescentes. Como vemos, ele incorre em grande erro nas observações estatísticas. Nenhuma estatística confirma as ideias de Malthus. Observe-se que muitos progressos científicos foram feitos antes de Malthus publicar a sexta edição do seu livro, mas ele se negava a levar em conta esses avanços, que, certamente, poderiam contradizer suas conclusões. Reconhece o seu pessimismo e a