mal secreto
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
A medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita,
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua
Como dito anteriormente a poesia de Jorge de Lima demonstra diferentes faces acerca da percepção do universo humano, tendo um dom particular de expressar suas observações por meio da linguagem. Assim, nos primeiros versos Lima (1995) apresenta o personagem central do poema ao elaborar uma descrição do trabalho do acendedor numa linguagem lírica e bela como se pode observar nestes versos Lá vem o acendedor de lampiões da rua!/ Este mesmo que vem infatigavelmente,/Parodiar o sol e associar-se à lua/ Quando a sombra da noite enegrece o poente!.
Observe que os vocábulos “infatigavelmente”, “parodiar”, “enegrece” e “poente” demonstram a preocupação com a estética que é bastante característico da poesia mais formalistas, pois costuma se utilizar de um vocabulário mais culto e sofisticado, porém puramente descritivo que não tem pretensões de passar