Mal estar docente

3296 palavras 14 páginas
BURNOUT EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS:
ADOECENDO PELO TRABALHO

SANTOS, Flavia Luiza Nogueira
PPGTE/CEFET-PR, e-mail: flavia@ppgte.cefetpr.br

LIMA FILHO, Domingos Leite
PPGTE/CEFET-PR, e-mail: domingosf@cefetpr.br

1. INTRODUÇÃO

Na atualidade, as áreas da educação e saúde têm sido influenciadas por elementos significativos de mudança, como fatores sócio-políticos, avanços científicos e tecnológicos, ambiente altamente competitivo, recessão, diminuição do valor intrínseco do trabalho dando lugar à busca de recompensa extrínseca , fatores esses que exercem forte influência na sociedade e cenário profissional com conseqüências pessoais para os trabalhadores que atuam nestas áreas e para os que dela dependem. É importante destacar que este processo de mudanças, mesmo que de modo não uniforme e com deslocamentos temporais entre nações e continentes, veio se desenvolvendo ao longo do século XX, em particular a partir de sua segunda metade, à medida que a ciência e tecnologia foram se incorporando de modo intenso aos processos de trabalho, produzindo, em decorrência sensações de mal-estar de diversas ordem e natureza sobre o cotidiano das pessoas que trabalham. Nesse sentido, conforme destaca Trivinho,

Já nos anos 50 e 60, Marcuse discorria sobre o novo princípio de realidade da sociedade tecnológica, o princípio do desempenho , que exigia dos indivíduos uma repressão adicional da satisfação da libido em prol de um dispêndio maior de investimentos sublimado tanto na esfera da produção, marcada pela instabilidade e norteada por valores de competição extrema, quanto na esfera do tempo livre, articulada igualmente por todos os vetores que organizam o universo da produtividade (Trivinho, 2001, p 105).

Extrapolando sua análise a todo o campo das relações sociais, vale dizer culturais, o autor, recorrendo a Baudrillard, observa que este processo assume “a forma de um mais-mal-estar, portanto, de um mais-mal-ser, cuja reversibilidade anômala recai,

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