Maias
A Questão Coimbrã, também conhecida como a Questão do Bom Senso e Bom
Gosto, foi a primeira e uma das mais importantes manifestações do grupo que viria a ser apelidado de Geração de 70. Na linha da frente estiveram sempre Antero de
Quental, o Príncipe da Mocidade, e Teófilo Braga, já conhecidos no mundo das letras.
O motivo que desencadeou a revolta coimbrã, ou, como lhe chamou Antero de
Quental, a famosa Questão Literária ou a Questão de Coimbra, foi aparentemente trivial. Em 1865, Pinheiro Chagas publicou o Poema da Mocidade, uma biografia lírica típica do saudosismo ultra-romântico. Na carta-posfácio redigida por António Feliciano de Castilho, este aludiu à moderna escola de Coimbra e à sua poesia ininteligível, referências claramente adversas a Antero e a Teófilo.
Este ataque directo, aliado ao desejo de polémica dos académicos coimbrões, levou
Antero a lançar um opúsculo, intitulado Bom Senso e Bom Gosto, as duas virtudes que Castilho lhes negava. Antero contestava o exagero cansativo do gosto ultra-romântico personificado em Castilho e na sua escola, que apelidou de "Escola do Elogio Mútuo", uma vez que os seus membros mais não faziam do que elogiarem-se constantemente.
Num tom, de certo modo, panfletário, Antero delineou um conceito novo da missão do escritor, reivindicando a liberdade e a independência de espírito, contra as teocracias literárias. Este protesto, que se investiu de um carácter essencialmente moral, afirmou a insubmissão iconoclasta dos jovens de Coimbra à escola de Castilho.
Quando os intelectuais conservadores acorreram em defesa de Castilho, instaurou-se a batalha. Os artigos, folhetins e opúsculos em apoio de uma e de outra parte multiplicaram-se. Do lado da nova geração, aberta às recentes correntes europeias, seguiu-se o opúsculo de Antero, A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, e o panfleto de Teófilo, Teocracias Literárias. Do lado do patriarca literário, surgiu
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