MAGDA SOARES
A autora inicia seus estudos evidenciando o fracasso da escola como instituição responsável pela democratização do ensino, já que este não é concebido de forma igualitária no país: com base em dados empíricos (altas taxas de repetência e evasão escolar nas camadas sociais mais baixas da população), conclui-se que a escola, que deveria ser para o povo, na verdade está em uma posição contra o povo. Diante disso, três ideias são utilizadas para explicar o fracasso escolar nas classes mais baixas: a ideologia do dom, a qual concebe as causas do sucesso ou fracasso de um indivíduo dependem única e exclusivamente deste e de suas aptidões e habilidades; a ideologia da deficiência cultural coloca as causas do fracasso escolar na “carência” de cultura proveniente pela “privação” dessa devido ao meio social em familiar em que vivem as crianças pobres; por fim, a ideologia da diferença cultural, em contraposição à última, postula uma diversidade de culturas, cada uma diferente das outras, mas nunca de modo hierárquico. O conceito de “deficiência linguística” é discutido e exemplificado, mostrando sua origem e seus impactos práticos na educação e nas escolas. De acordo com esta concepção, a criança carece de boa linguagem por causa da privação linguística a que foi submetida em um contexto de pobreza cultural, sobretudo na esfera familiar e, por isso, sofrem ao frequentarem o ambiente escolar. Devido ao grande número de fracassos, esta ideologia propõe escolas de educação compensatória para suprir tais carências. Depois de conceituada, a ideologia da deficiência cultural é contestada e criticada por Magda, com base em