maes indigenas
O presente ensaio visa a investigar condições sócio-humanitárias de mulheres indígenas encarceradas no sul de Mato Grosso do Sul no que tange à problemática das relações familiares (maternidade) e sociais, dentro da comunidade de origem; bem como à relacionada aos princípios jurídicos de direitos.
Palavras-chave: MULHERES INDÍGENAS; MATERNIDADE; RELAÇÕES PARENTAIS E COMUNITÁRIAS; CÁRCERE; DIREITOS.
INTRODUÇÃO
Em agosto de 2013, iniciei a pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC/UFGD), que tinha como essência analisar a situação das mães indígenas encarceradas no sul de Mato Grosso do Sul, tanto dentro da sociedade Kaiowá como nos presídios. Sendo este o meu ponto de partida, buscarei neste trabalho fazer uma reflexão primeiramente quanto às condições do cárcere (fichas cedidas pela FUNAI) e também uma análise da maternidade dentro da prisão usando como apoio a autora/pesquisadora Anna Paula Uziel et al (2010). Durante esse caminho, passarei a analisar a importância da mulher dentro da comunidade Kaiowa. Por fim, espero que com essa pesquisa, seja possível ampliar os trabalhos que discorram sobre esse tema que é tão deficitário nas plataformas de pesquisas, haja vista não haver trabalhos voltados precisamente a esta temática (ver Becker e Marchetti, 2013).
NO PALCO OU NA CELA: AS MULHERES INDÍGENAS
Segundo os relatórios feitos pelos agentes da FUNAI, e por mim analisados, sabemos que entre as quatro indígenas que estão detentas, todas são mães com dois filhos ou mais. Essas crianças, conforme dito pelas mães, normalmente encontram-se sob os cuidados de parentes próximos e do sexo feminino, como tias e avós. As mulheres indígenas da qual falamos, possuem rostos e são de carne e osso, diferentemente do que subjaz de um processo judicial (BECKER, 2008; KAFKA, 1982). Ela é Lurdes Rosa Ricardi, guarani, presa por homicídio, mãe de dois filhos e sofre de lapso memorial, não possuindo fluência no português. Acusada de matar o cunhado, declara que