Macroinvertebrados como bioindicadores
Nas últimas décadas, os ecossistemas aquáticos têm sido alterados em diferentes escalas como consequência negativa de atividades antrópicas (por exemplo, mineração, canalização, construção de represas, eutrofização artificial, retilinização, etc.). Os rios integram tudo o que acontece nas áreas de entorno, considerando-se o uso e ocupação do solo. Assim, suas características ambientais, especialmente as comunidades biológicas, fornecem informações sobre as consequências das ações do homem (CALLISTO; MORETTI; GOULART, 2001).
Nesse sentido, as pesquisas de monitoramento da qualidade da água têm utilizado cada vez mais organismos conhecidos como bioindicadores. Estes organismos são sensíveis a mudanças no ambiente ou necessitam de condições específicas para completar alguma fase ou todo seu ciclo de vida. Dentre os bioindicadores, destacam-se os macroinvertebrados bentônicos: grupo de insetos, crustáceos, moluscos e vermes que habitam o substrato de rios e lagos (SILVEIRA; QUEIROZ, 2006). O biomonitoramento de corpos hídricos através do uso de macroinvertebrados bentônicos é cada vez mais usado e aceito como uma importante ferramenta na avaliação da qualidade da água.
O uso de indicadores biológicos para avaliação da qualidade das águas é sustentado também pela legislação dos Recursos Hídricos por meio da Lei 9433/97, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997), a qual tem como um de seus preceitos “considerar que a saúde e o bem-estar humanos, bem como o equilíbrio ecológico aquático, não devem ser afetados como consequência da deterioração da qualidade das águas”.
Os organismos que habitam os ecossistemas aquáticos apresentam diversas adaptações evolutivas e limites de tolerância a determinadas condições ambientais. Estes limites de tolerância variam de espécie para espécie, sendo umas mais tolerantes e outras intolerantes aos diversos tipos de impactos