macroeconomia
José Luís Oreiro*
Lucas L. Dezordi**
Terminado o primeiro mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é chegado o momento de se fazer uma avaliação da gestão da política macroeconômica durante o seu governo. Como é bem sabida, a condução da política macroeconômica foi um dos maiores focos de atenção durante o primeiro mandato. Por um lado, vários membros do PT e intelectuais de esquerda pressionaram o governo no sentido de mudar o modelo macroeconômico herdado da administração Fernando Henrique Cardoso, o qual se baseava no tripé superávit primário-metas de inflação-câmbio flutuante. Por outro lado, membros da equipe econômica do governo – tanto no Banco Central como, até pouco tempo atrás, do próprio Ministério da Fazenda – e economistas ligados direta ou indiretamente ao mercado financeiro pressionavam o governo no sentido de completar as reformas de caráter liberalortodoxo iniciadas durante o governo FHC, defendendo a independência operacional do
Banco Central do Brasil e a plena-conversibilidade da conta de capitais do balanço de pagamentos, destruindo assim os últimos resquícios de controles administrativos ao fluxo de capitais externos.
Passados quatro anos, o balanço final de forças parece ser o seguinte. O modelo macroeconômico herdado de FHC II está consolidado e, ao que tudo indica, não há nenhuma discussão séria dentro do governo no sentido de substituir o referido modelo por alguma alternativa mais “heterodoxa”. As discussões em curso atualmente são mais no sentido de flexibilizar o modelo existente, do que pensar alternativas ao mesmo. No entanto, o aprofundamento do modelo macroeconômico existente por intermédio da concessão formal de autonomia operacional do Banco Central e da plena-conversibilidade da conta de capitais do balanço de pagamentos parece também ter sido deixada de lado4.
* Doutor em Economia (IE/UFRJ), Professor Adjunto do Departamento de Economia da