Macro Variaveis Sobre O Golpe De 1964

Abordagens sociológicas e político-institucionais sobre o Golpe de 19641
Brenda Cunha2

O presente trabalho visa, através de uma revisão de literatura, reunir as principais explicações sobre a crise política brasileira ocorrida na década de 1960 e sobre a consequente quebra do regime democrático, instalado em 1946. Dentre as principais interpretações, podemos destacar as abordagens de orientação sociológica, cuja explicação do sistema político se dá a partir de fatores externos, em especial, os de caráter socioeconômico; as abordagens de orientação político-institucionalista, pautada nos fatores endógenos do sistema; além de outras leituras realizadas a partir de uma perspectiva histórica ou internacionalista. O trabalho reúne algumas das principais macro variáveis apontadas sobre o tema, enfatiza o debate entre os principais teóricos das correntes sociológica e institucionalista, em especial, no que diz respeito às hipóteses relacionadas ao sistema partidário e às relações executivo-legislativo. Através de uma rápida abordagem sobre a influência da variável internacionalista, busca-se também compreender o papel dos Estados Unidos no Golpe.

1. Macro variáveis explicativas sobre o processo político responsável pelo Golpe de
1964
De acordo com a perspectiva sociológica (RAMOS, 1961; FURTADO, 1965;
SOARES, 1973) os problemas que dão origem à crise política no Brasil têm origem nas transformações socioeconômicas ocorridas a partir dos processos de industrialização, modernização e urbanização, desencadeados a partir de 1930. Esses fatores modificaram a estrutura social brasileira ao longo do seu desenvolvimento, fazendo emergir uma elite urbano-industrial e uma massa urbana de trabalhadores, integradas ao sistema como novos atores políticos. A mobilização inédita das camadas populares com a inserção de novas pautas impôs alterações no jogo de forças até então existente. Dessa leitura derivaram alguns diagnósticos da crise política, atribuída, por esses autores, a
uma