MACRO ECONOMIA
A política econômica e o desempenho recente da economia brasileira
Há mais de uma década, o debate sobre os rumos da economia brasileira em geral e sobre a política econômica em particular tem se concentrado na dificuldade de o País retomar o crescimento de forma sustentável. Se, por um lado, o Plano Real foi capaz de debelar um processo crônico de descontrole inflacionário, por outro, a adoção da âncora cambial e a política de juros elevados geraram o acúmulo de sensíveis desequilíbrios de estoques nos fronts externo e fiscal. A euforia da estabilização com algum crescimento nos primeiros anos, que garantiu a base para a reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso, foi dando lugar à estagnação econômica,à deterioração do mercado de trabalho e ao aprofundamento dos passivos fiscal e externo.
Foi nesse contexto socioeconômico que se deu a eleição do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tendo de administrar uma profunda crise, potencializada pelas incertezas da transição política, o novo Governo optou por manter as diretrizes de política econômica herdadas do período anterior. O comando da área econômica foi confiado a pessoas alinhadas ao pensamento dominante no establishment financeiro. Buscou-se, com isso, o aval dos credores, numa linha que claramente apontava a acomodação dos conflitos distributivos que sustentam uma situação estrutural de má distribuição de renda, riqueza e oportunidades. Assim, um governo que havia sido eleito com um discurso de “mudança” tornou-se, com o tempo, uma engrenagem cada vez mais ajustada à manutenção do status quo na sociedade brasileira. Entre sua implementação e janeiro de 1999, a utilização da âncora cambial, em um contexto inicialmente