Machado De Assis
Machado de Assis: Esaú e Jacó
Obra de uma época transitória na política brasileira, na qual o país se tornava uma república.
Machado de Assis escreveu diversas obras, as quais podem ser divididas em dois segmentos muito distintos. O primeiro abrange obras de sua juventude, com grande influência do Romantismo. O segundo segmento se desenvolve ao longo de suas obras, atingindo o Realismo. Um exemplo disso é seu penúltimo romance: Esaú e Jacó (1904), ele apresenta uma nova narrativa e uma alegoria das disputas políticas brasileiras do seu tempo através da história de dois gêmeos em intermináveis conflitos.
Em uma leitura superficial do livro em questão, temos, no Rio de Janeiro, a história dos gêmeos Paulo e Pedro, iguais em aparência, mas completamente opostos em suas personalidades. O primeiro é republicano e ingressa na faculdade de Direito, enquanto o outro é monarquista e cursa medicina. Porém, mesmo com tantas diferenças, ambos se apaixonam por Flora, o que apenas transforma a rivalidade entre os irmãos em algo maior. A jovem, inocente, porém firme, apaixona-se pelos dois irmãos, e ao longo da obra fica mentalmente perturbada e morre. No final da narrativa vemos Pedro tornar-se deputado republicano conservador, enquanto Paulo é eleito deputado reformista, rompendo laços definitivamente com seu irmão.
Aprofundando a interpretação do texto de Machado, encontramos relações muito fortes com o contexto histórico da obra, no qual foram usados até mesmo personagens como representações de fatores comuns na época em que o Brasil deixava de ser uma monarquia para tornar-se uma república. Algo de grande significado na obra é a maneira como o autor é capaz de explorar a divergência política aparente, mas vai além da crítica simplesmente política. Ao logo da história, o autor também nos apresenta, mesmo que de uma forma muito sutil, o conflito entre fé, ciência e religião, assunto em voga no início do século. Na época, as descobertas da ciência