Lógica
João Arnoldo Gascho
Doutorando em Educação
Professor do Centro Universitário de Jaraguá do Sul
Exatamente porque as coisas são como são, elas assim não irão permanecer. (Brecht) Por quase 20 séculos, desde Aristóteles (384 a 322 a.C.) até Hegel (1770 a 1831), o conhecimento ocidental foi construído preponderantemente, ou quase exclusivamente, sobre os padrões e pressupostos da lógica formal ou clássica. O “Organum” de Aristóteles se constituiu em guia da correta forma de pensar, a partir do princípio de que o pensamento possui regras universais e permanentes que, ordenadamente seguidas, nos preservam do erro. É mérito dos gregos a importante distinção entre o conhecimento do senso comum ou opinião (doxa) e o conhecimento verdadeiro (episteme). Alguns privilegiavam, na busca do conhecimento verdadeiro, a atividade da mente/razão, considerando incerta e enganosa toda informação baseada na percepção dos sentidos (Platão, Parmênides), e outros pensavam exatamente o inverso, isto é, a única forma de captar a realidade, complexa e em constante movimento (= mudança), é pela percepção através dos sentidos (Heráclito). Aristóteles, por sua vez, propôs que a solução estaria na síntese destas visões opostas, resumindo seu posicionamento em que “nada existe na razão que não tenha passado pelos sentidos”. A intenção ou pretensão da lógica formal, proposta por Aristóteles, é traçar um caminho que conduza ao conhecimento definitivo, completo e acabado ( a episteme), através de raciocínio construído de tal forma que não possa ser contestado; afinal, A é A, pedra é pedra, justiça é justiça. Além de ser idêntica a si mesma, a realidade também não pode ser contraditória, isto é, o verde não pode ser azul, se é planta não pode ser animal, se é bom não pode ser mau. Para a lógica formal, também, entre alternativas contraditórias, ou é uma, ou é outra, não havendo terceira via: ou está vivo, ou está