Lógica para principiantes
A problemática de Abelardo vai partir da problematização a respeito dos universais: gênero e espécie. Abelardo em sua problematização vai se defrontar com duas teses opostas, sendo uma que toma as universais como “res” elaborada por Guilherme de Champeaus (+1121) que defendia a concepção de que os universais eram “essências materiais comuns” que constituiriam tanto as espécies como os indivíduos, havendo, então, uma essência material – res universalis – que subsistiria sob as determinações particulares. De outro lado, Abelardo encontrou a tese de Roscelino de Compiegne (1050-1120), que sustentava que os universais (gênero e espécie) não passavam de flatus vocis, isto é, meras emissões de voz. Isso significa que os universais reduzir-se-iam a materialidade física das palavras, ou seja, aos seus componentes materiais (letras e sílabas), tendo-se encontra que a expressão vox em Roscelino tem um sentido meramente físico; Roscelino, desse modo, negava radicalmente a realidade dos universais. Abelardo, assim, tinha diante de si duas alternativas opostas: ou tornavam-se os universais como coisa (res); ou como meras palavras (voces). Então, foi a partir dessa polarização, res-vox, que Abelardo analisou a questão: “Uma vez que é certo serem os gêneros e as espécies universais, (...) indaguemos se estas se aplicam apenas as palavras ou, também, as coisas”. Diante desse dualismo Abelardo desloca o problema dos universais do nível ontológico que trata o universal como coisa, para um nível semântico que vai tratar o universal como palavra. Abelardo, frente ao problema, dividi sua posição em dois momentos. O primeiro momento é designado Pars destruens (parte destrutiva), onde Abelardo expõe suas criticas as teorias realistas que sustentam, seja isoladamente, seja coletivamente, uma res universalis (coisa universal). O segundo momento, Pars construens (parte construtiva), apresenta a solução para o problema dos universais. Assim