Líder
Já começamos a adivinhar que o laço mútuo existente entre os membros de um grupo é de natureza de uma identificação desse tipo, baseada numa importante qualidade emocional comum, e podemos suspeitar que essa qualidade comum reside na natureza do laço com o líder. (Freud, 1921/1976, p. 136).
Traçaremos a partir de agora o perfil do líder idealizado e estudado por Freud, com todas as suas nuances e facetas, buscando entender sua abordagem, enfatizando a ideia da necessidade suprema do líder para a plena realização do grupo. Inicialmente verificamos que o membro do grupo identifica-se com o líder e depois ele se identifica com o restante do grupo, e essa dinâmica só é possível quando ele renuncia seu ideal de ego em favor de um líder. Há que se atentar para a identificação imediata, pois só ela permite tal renúncia. Os membros de um grupo substituem seu ideal de ego por um mesmo objeto, o líder. “Um grupo primário desse tipo é um certo número de indivíduos que colocaram um só e mesmo objeto no lugar de seu ideal do ego e, consequentemente, se identificaram uns com os outros em seu ego” (Freud, 1921/1976, p. 147). O conceito Ideal de Ego refere-se a uma instância psíquica com funções especializadas que incluem o estabelecimento de um sistema de códigos morais, envolvendo a autocrítica ou a formação de uma visão exemplar ou ideal de si próprio. Esta instância fornece padrões para medir quão bem o indivíduo atende às expectativas que dele se tem. Atualmente, a maioria dos teóricos em psicanálise considera o ideal do ego como um dos conjuntos de funções dentro da estrutura do superego. Numa formação grupal, o líder seria o
principal depositário do ideal de ego de cada membro. Representaria, portanto, a perfeição e o ideal de pessoa. A admiração ao líder teria seus fundamentos nas representações contidas no ideal de ego. Podemos entender então que, quanto maior for o Ideal de Ego, maior a chance de o líder existir e quanto mais intenso forem suas