LUYTEN Sonia
INTRODUÇÃO
Tem sido uma necessidade crescente para as pessoas saber o que está acontecendo além das fronteiras geográficas de seus países. Muitas vezes, manifestações dos mesmos fenômenos ocorrem em lugares diferentes e, em função das características geográficas, climáticas e de cultura, elas tomam aspectos regionais peculiares. Dessa forma, a tendência de analisar este fenômeno tem sido demonstrada pelo grande número de livros dedicados aos estudos de cultura comparada.
Nós podemos comparar culturas sob diferentes pontos de vista, como o sociológico, o antropológico, o político, o artístico, etc. No campo das artes, a tendência usual é dar grande ênfase às modalidades elitistas e deixar ainda, num segundo plano, as expressões populares. Especialmente quando se lida com intercâmbios culturais, nem sempre as manifestações taxadas de
SONIA M. BIBE
LUYTEN é professora da
Universidade Católica de
Santos e autora de, entre outros, Mangá, o Poder dos Quadrinhos Japoneses
(Hedra).
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“populares” são conhecidas no estrangeiro. Muitas vezes, porém, é justamente a falta de conhecimento desse aspecto – dos hábitos do cotidiano, como as formas de leitura, por exemplo – que forma um grande vácuo no intercâmbio de informações.
As histórias em quadrinhos, uma vez enfocadas através desse ponto de
REVISTA USP, São Paulo, n.52, p. 176-188, dezembro/fevereiro 2001-2002
a estética do som vista analítico – retratando as aspirações, os pensamentos, os mitos e a estética de uma cultura que as produz e as lê –, corroboram na composição de uma imagem mais representativa da cultura em questão. Isso porque as histórias em quadrinhos são um produto de tendências universais mas com raízes populares.
Desde o século passado, os jornais foram os meios, por excelência, que deram aos quadrinhos uma incrível difusão. Atualmente, o público que consome os quadrinhos é enorme. Em países como o Japão, porém, as vendas semanais atingem alguns