LUIS VAZ DE CAMÕES "Viajante, letrado, humanista, trovador à maneira tradicional, fidalgo esfomeado, numa mão a pena e noutra a espada, salvando a nado num naufrágio, manuscrita, a grande obra da sua vida, Camões assumiu e meditou a experiência de toda uma civilização cujas contradições viveu na sua carne e procurou superar pela criação artística". Este comentário foi feito por dois grandes historiadores da literatura portuguesa, Antonio José Saraiva e Oscar Lopes, apontando a grandeza de um dos maiores poetas de todos os tempos, Luís de Camões. A vida de Camões está envolta em lendas. Não se tem certeza de todos os dados, sendo muitos deles baseados em suposições. Nascido por volta de 1524 de uma família da pequena nobreza, Luís Vaz de Camões recebeu uma educação esmerada, tendo provavelmente cursado Humanidades em Coimbra. Quando jovem, frequentou círculos aristocráticos e a boêmia literária de Lisboa. Entretanto, optou pela carreira das armas e combateu no Marrocos, onde perdeu um olho em combate. Em 1550 alistou-se para a Índia, mas não chegou a embarcar. Em 1552, envolveu-se numa briga em que feriu um funcionário do Paço, Gonçalo Borges. Como consequência, foi preso. Passados alguns meses, recebeu o indulto através de uma carta régia de perdão, datada de 7 de março de 1552. Embarcou a seguir para a Índia. No Oriente, viveu um período acidentado. Esteve em Goa, no Golfo Pérsico, em Ternate, e em Macau, onde obteve o cargo de provedor de defuntos e ausentes. Já na viagem de volta, naufragou na costa da Conchinchina (no Vietnã). Neste naufrágio teria perecido sua companheira chinesa. Consta que Luís de Camões fugiu a nado, salvando os manuscritos do que seria sua obra maior, "Os Lusíadas". Nesta mesma obra o poeta narrou o episódio do naufrágio no canto X. Em setembro de 1560 chegou a Goa, onde acabou novamente preso por dívidas. Lá travou relações com pessoas poderosas, como o Vice-Rei dom Francisco Coutinho, a quem suplicou em versos que o